Por: Aline Oliveira
Ato de errar, inexatidão, desvio do bom caminho. Engano, desacerto, incorreção, pecado e ilusão. Assim diz o dicionário* quando pergunto o que é erro. Mas deixando de lado os possíveis significados da palavra, pensemos na sua interpretação nos dias atuais.
Ato de errar, inexatidão, desvio do bom caminho. Engano, desacerto, incorreção, pecado e ilusão. Assim diz o dicionário* quando pergunto o que é erro. Mas deixando de lado os possíveis significados da palavra, pensemos na sua interpretação nos dias atuais.
Ultimamente,
na mais simples rotina de nossas vivências diárias, me assusta o modo como
nossos erros são interpretados e os julgamentos que recebem pequenas falhas às
quais todos estamos suscetíveis. Ainda mais se pensarmos em dias cheios de
responsabilidades e resultados a serem atingidos.
Lembro-me dos tempos de escola, em que um estimado professor de matemática era incansável nas correções dos exercícios. Faz, corrige, apaga, refaz. Corrige, apaga de novo, refaz, corrige, aprende! Não importava quantas vezes o erro aparecesse o importante era tentar novamente, ir atrás da solução exata das equações e seus gráficos. Matemática é prática, sempre soube disso.
E vida é prática também,
ora. Li dia desses em um livro em que determinado trecho alertava para a
necessidade de se alcançar uma narrativa humanizada. É preciso, para tanto, a
união de três ações: pensar, sentir e agir – dizia a autora. O que me veio à
mente foi que não precisamos apenas de uma narrativa humanizada, necessitamos de
algo mais raro ainda: pessoas humanizadas. Pode até soar pessimista, mas não
deixa de ser verdade.
Não raro tem gente por
aí querendo fazer justiça com as próprias mãos, crucificando ações alheias e,
claro, transbordando egoísmo por onde passa. Óbvio que é preciso distinguir erros
muitas vezes involuntários de ações intencionais, atitudes de má-fé – porque essas
sim devem ter suas consequências assumidas.
Volto aos tempos de
escola: primeiro, começávamos a escrever com o lápis. Quando tinha mais
confiança e o aval da professora, a gente passava gradativamente a usar a
caneta. Pensando em algumas situações cotidianas, vejo que falta um espaço de
aprendizado, essa figura de um professor que incentive a acertar mesmo que para
isso milhares de erros sejam necessários. Alguém que incentive nosso desenvolvimento
sabendo respeitar o tempo que leva
para isso acontecer. Hoje, não podemos mais falhar. Uma resposta errada te
elimina no vestibular, uma frase mal dita (e talvez maldita) te faz perder o
emprego, um erro ortográfico desmorona a credibilidade de quem escreve bem.
O erro é visto como algo
separado de tudo, nem sempre é levado em conta o contexto de um determinado
caso, o que talvez diminuísse a ‘culpa’ da pessoa envolvida. Aliás, essa coisa
de culpa é uma tremenda injustiça. Quando em grupo um projeto vai bem, todos
querem o mérito, todos ‘estão de parabéns’. Agora se aparece um erro, por mais
idiota que seja, não falta quem diga ‘essa parte não é minha, não fui eu que fiz’
(pense se já não passou por alguma situação do tipo).
E no meio disso tudo o
que falta é reflexão. Porque ao parar para pensar, uma ou outra hora, a gente
percebe que deu mancada e que precisa se desculpar/melhorar/refazer/aprender/ser
menos injusto e quem sabe, mais feliz.
Agora, se por acaso esse
texto for uma bobagem, assumo o desacerto e volto ao dicionário sem problemas. Não
me canso de aprender.
* Erro in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa, 2008-2013