Por: Aline Oliveira
E a gente só se da conta que algo faz falta quando não tem mais. Assim acontece com as janelas. Falo sério, sério mesmo. A começar pelos ambientes fechados, sem interação com o ambiente externo, sem luz natural, sem ar. Além de tudo, ainda existem os amantes de ar-condicionado (aparelhinho que me irrita, mas sou minoria, então ok).
Voltando às
janelas, pois bem. Percebi que gosto delas (não era para rimar...) e aí mais
coisas fizeram sentido. Quando estou no ônibus e tenho a opção de escolher onde
sentar, escolho claro, “sentar na janelinha”. Ponho o fone de ouvido e olho para
fora, esqueço o que acontece ali dentro – a viagem fica até mais agradável
assim.
Deixando de lado
o sentido denotativo da palavra, esses recortes nas paredes, de vidro liso ou
canelado, espelhadas ou transparentes, fazem muita diferença se pensarmos de
forma mais subjetiva. Janelas me permitem olhar para fora e, quando não quero,
ficar apenas com o que preciso olhar na parte de dentro. Interior e exterior.
Os dois lados da vida de cada um de nós.
Claro que, se
vem à sua mente aquela vizinha que não sai da janela e cuida demais da vida
alheia, você vai achar que falo bobagens. Mas concorda que seria estranho
alguém que vivesse sempre com a janela fechada e não desse as caras na rua?
No meio disso,
fica aquilo que deve ficar mesmo no meio: o equilíbrio. Olhar sempre para fora
faz-nos distantes de nós mesmos, de quem temos sido e do que podemos ser.
Saber o que
devemos mudar impele ter autoconhecimento e se não olhamos para dentro do que
somos, fica meio difícil achar respostas às próprias perguntas, dúvidas do eu
sobre o eu. Olhar sempre para dentro também não dá muito certo, afinal vivemos
em sociedade e a convivência com outro também faz parte da descoberta de si
mesmo.
Por isso que
janelas abrem e fecham. Por isso as quero. Por isso existem. Se quem olha para
fora, sonha e quem olha para dentro, acorda, que nesse movimento de sonhar e às
vezes acordar sabendo que a realidade é outra, a gente possa deixar a luz
entrar na medida certa. Viva às janelas!
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