sábado, 6 de abril de 2013

Vida de Jornalismo



Viver o jornalismo é um amontoado de ideias que lhe passam pela cabeça e que precisam ser registradas pela escrita para não se perderem no tempo. É pensar em inúmeras outras coisas e não conseguir se concentrar em apenas uma delas. Fingir que não existem problemas e que se está sempre pronto para a próxima, afinal, tevê, rádio, livro, foto, revista, jornal... Páginas e mais páginas que em branco não saem, de uma forma ou de outra virarão notícia.

Ouvir os fatos do dia no rádio enquanto lê o livro que fala sobre tevê e tenta, ao mesmo tempo, pensar no que escrever para o online. Equilibrar-se e manter o ritmo seja manhã, tarde ou noite (madrugada eu diria) e não deixar a peteca cair (para ser mais clara, não deixar sua pauta cair, por que senão, ai ai ai...)

Viver imerso nesse mundo é sorrir e chorar em um curto intervalo de tempo. Sentir-se sozinho na multidão e, de repente, receber aquela mensagem de alguém que do outro lado torce pelo seu sucesso e te faz ganhar o dia com um gesto simples.

É querer voltar atrás, desistir de tudo. Tremer na base ao colocar o microfone, ver as luzes se acenderem e escutar GRAVANDO! E logo em seguida, ver que tudo aquilo é mais que fascinante e você não fez a escolha errada.





É não deixar que o desgaste físico e psicológico de uma rotina mais que atarefada lhe roubem a capacidade de enxergar a vida com outros olhos. Indo mais longe, ser capaz de transmitir isso em palavras.

Torcer para que o leitor ao final da página se emocione com sua narrativa. Fazer-se presente na vida do outro, ganhar sua confiança e admiração. Em uma frase perceber que, para outro alguém, tudo aquilo faz sentido. E mesmo que essa resposta não chegue (seu texto nem seja notado), poder acreditar em si mesmo e no trabalho que realiza. Para mim, ser jornalista é criar novas realidades quando a vida te mostra apenas uma nem sempre tão boa. Acredito nisso hoje, espero acreditar por infinitos amanhãs.

"Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para  isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte." (Gabriel Garcia Marquez)

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