terça-feira, 11 de agosto de 2015

Paixão vs Atração



Por: Aline Oliveira
A Paixão não precisou de muito tempo para saber que queria. Pouco ligada às interposições de datas e encontros, olhou e sentiu que sim, achara o que até então havia procurado cansável e incansavelmente. E confusa mesmo. Do outro lado, estava a Atração, meio quero-sem-querer. Sumia, deixava a Paixão em dúvida e quando menos se esperava, estava de volta.
Tudo o que a Paixão queria era conhecer o mundo de lá, fazer parte, ganhar seu espaço na rotina de quem já lhe tomava horas, pensamentos, concentração, e inspirava planos a dois que desejavam sair do papel. Ela não sabia muito bem o que se passava do outro lado, mas fez preces para que houvesse alguma sintonia.
A Atração, mais desconfiada, despretensiosa ou talvez, menos intensa, achou por bem ficar no seu mundinho de pouco envolvimento. Era gentil, tinha bons papos e fazia planos, mas sempre no singular. Quando se encontravam, o mundo era sorrisos, beijos e aconchego em um tempo que sempre corria depressa.
A Paixão ficou confusa. Oscilava entre felicidade e solidão, afinal entrara em um mundo que pouco queria saber do seu. Já conhecia o sobrenome, os encantos, cursos e projetos da outra parte da história. Queria falar de si, ter ouvidos, receber colo e estar junto. A Atração queria apenas ficar.
Pouco comedida, Paixão bateu à porta, entrou e despejou tudo o que sentia. Na ânsia de não deixar mudo o que caminhava para ser amor, disse tudo e guardava esperanças de ouvir algo que completasse o enredo que lhe dava nó na garganta. Ela queria ouvir um “nós”. A resposta veio sincera demais, pouco atraente e com quase nada de encanto: não era bem isso, embora por vezes, desse a entender que sim; carregada de “eus” e verbos no singular, Atração disse que estava bem sozinha (ou com várias distrações por aí, sem compromisso com nenhuma delas. Coisa de entrelinhas). Deixou em aberto o que havia entre as duas, mas disse que a porta do coração, essa sim, estava bem trancada.
Cada uma seguiu seu caminho. Dizem por aí que trocaram de papel, mudaram, buscaram o novo e, depois, foram em busca de algo que já não fazia mais parte de si.  Quiçá tenham encontrado, mas não se reencontraram. [Ainda].

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