quarta-feira, 24 de outubro de 2012

“Não haverá passado nem futuro, só o presente há... ♪”



Dentre as poucas certeza que acreditamos existir, a imponência do tempo e seu percurso é a mais absoluta.
A coexistência do que já foi e o que há de vir se traduz no presente, por sua vez, nada mais que um tempo abstrato, que não é passado, nem futuro. Sensação leve e imperceptível, embora ligeira, assim como a transposição que existe entre o cair da tarde e o nascer da noite.
No momento em que minhas palavras preenchem este papel, milhares de eventos se sucedem. E o que fica depende de cada ser.
Tem gente que vive de passado. O mesmo sabor, o mesmo aroma, as mesmas manias, os mesmos caminhos.
Não mudam, não arriscam galgar evolução. Me vem à mente o sentido da palavra “desenvolver”, basicamente relacionado à atitude de deixar para trás certos traços, abrindo espaço então para novas descobertas, como a lagarta que deixa o casulo e se transforma em borboleta. Esse deixar para trás não significa abandono, pelo contrário, está mais relacionado à coragem de ver a mudança de tempo, sentir quando a vida pede uma nova fase, um recomeço, quem sabe...
Quando me desenvolvo aceito a máxima do tempo como passageiro e me sinto diante do real sentido da vida: viver cada coisa em seu tempo. Isso me faz lembrar a simplicidade da voz materna dizendo: “Calma, tem paciência. Se não deu certo agora, não era pra ser. Vai com calma que você consegue...” Palavras que, de tão simples, são sábias.
Sei que nem sempre o mundo espera. Como diz um poema que gosto, de Flora Figueiredo: “Apesar do tempo e sua pressa desleal...”, realmente, às vezes a velocidade do tempo choca, e somos forçados a certos atos impensados, automáticos. Diante disto, reafirmo em mim a necessidade parar, permitir que a cabeça esfrie e o coração se tranquilize. Se tudo tem um tempo, faço desse instante o meu tempo. Tem dado certo. Desacelerar-se faz-se necessário.


                                                            Amábile Oliveira

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